domingo, 28 de junho de 2009

•Currículo: conteúdos e práticas

Uma questão a ser discutida dentro da construção de um currículo é sobre o ensino. A construção do currículo deve ser baseada em idéias que proponham a prática de ensino; quando se ensina, se pratica, isto é, exerce-se uma atividade expositiva de aprendizado, então quando o currículo é pensado de maneira teórica apenas, é incorreto; o currículo é um viés para a prática, para a execução do ensinar. Muitas vezes os professores acabam por manifestar comportamentos de outrora, de uma pedagogia tecnicista, onde a escola é um mundo isolado e cheio de técnicas e regras a serem cumpridas sem nenhum entrelaçamento do trio escola/família/sociedade. O ensinar é algo que nao se limita apenas a conteúdos didáticos; ensinar vai além disso e requer um olhar amplo para os elementos que cercam a realidade dos alunos, ou seja, para a cultura em que eles estão inseridos. Os conteúdos devem articular com a cultura deles. Deve-se dialogar os conteúdos didáticos com os conteúdos culturais. Muitas vezes os professores pincelam conteúdos ou não simplismente nao ensinam por julgar não fazer parte da cultura dos estudantes; isto é um erro grotesco que acarreta e alimenta mais desigualdades sociais. O professor deve saber mediar essas realidades, essas situações para que não haja desnivelamento nos aprendizados escolares, ou seja, para que os alunos da escola particular não tenham aprendido mais conteúdos do que os alunos da rede pública de ensino e sim que haja pleno aprendizado e cada um privilegiando e fazendo a diferença em suas peculiaridades e culturas diferenciadas. A elaboração do currículo deve se basear dentro de um contexto social, econômico, político e cultural para que a execução do ensino dentro desses âmbitos seja de bom grado e bom proveito para esse universo escolar. Em suma, o currículo deve ser um evidenciamento dos conteúdos articulados com a realidade cultural, os conflitos sociais, as demandas e as conquistas, porque o ambiente escolar não é um meio isolado do mundo, pelo contrário, ele deve ser um diágolo para a compreensão do que nele se passa e de como transformá-lo.
GIMENO SACRISTÁN, J. O currículo: Os conteúdos do ensino ou uma análise prática? In: GIMENO SACRISTÁN, J. PÉREZ GÓMEZ A, I. Compreender e Transformar o Ensino. 4ªed., ARTMED, 1998.

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